terça-feira, 17 de março de 2009


DGABC - 17/03/09

Ex-sócio de Burle Marx critica novo paisagismo

Deh Oliveira
Do Diário do Grande ABC
A despeito do argumento da Prefeitura de Santo André, de que a mudança paisagística na cidade tem como uma das metas resgatar as propostas do projeto original elaborado pelo renomado arquiteto e paisagista Burle Marx, a proposta não encontra respaldo em seguidores dos conceitos utilizados pelo autor da obra.
O atual diretor do escritório de arquitetura fundado por Burle Marx, no Rio de Janeiro, engrossa o coro de especialistas descontentes. Embora não tenha visto as alterações em andamento na nova gestão, ele considera desnecessária qualquer nova intervenção na área do Paço Municipal.
Na opinião de Haruyoshi Ono, as mudanças executadas a partir de 1997, durante a gestão do prefeito Celso Daniel (PT), haviam ficado "bem resolvidas". "Retirar isso para colocar outra coisa no lugar é um contrassenso. É a mesma coisa que ter uma mata, derrubar, e colocar outra no lugar", compara Ono.
A exemplo de outros paisagistas, Ono considera as mudanças um retrocesso. Uma das principais críticas de especialistas na área em relação ao chamado novo paisagismo anunciado pelo prefeito Aidan Ravin (PTB) é que a mudança na vegetação não implica apenas escolha estética, mas pode acarretar perdas ambientais, com a redução da biodiversidade.
As alterações anunciadas pela administração na paisagem da cidade, vão privilegiar as plantas mais rasteiras ou de pequeno porte. Especialistas criticam as medidas, sob o argumento de que, além de reduzir a multiplicidade de espécies, esse tipo de vegetação não auxilia de forma eficaz em outros processos, com a retenção de água das chuvas, por exemplo.
Ono argumenta que não faz sentido mudar um sistema já consolidado no momento em que ele passa a gerar frutos e se tornar sustentável.
Ono trabalhou com Burle Marx de 1965 até a morte dele, em 1994, aos 84 anos. Desde então, assumiu a direção do escritório de arquitetura de Marx, considerado um dos maiores paisagistas do século passado e premiado internacionalmente. Além de paisagista, Marx desenvolveu trabalhos em áreas como tapeçaria, escultura e cerâmica.

Projeto não passou por conselhos

Deh Oliveira
Do Diário do Grande ABC
A Prefeitura de Santo André iniciou as obras para modificar o paisagismo na cidade sem sequer encaminhar o projeto com as mudanças previstas a órgãos do município ligados ao meio ambiente e à conservação do patrimônio histórico e cultural.
A presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Santo André, Irene Grasson Pereira de Souza, disse que o projeto jamais foi levado à discussão no Comugesan (Conselho Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental) ou no Condephapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico de Santo André).
Integrante do Condephapasa, o vice-presidente da Acisa (Associação Comercial de Santo André), Flavio Caio Novita Martins, admite que o projeto não foi levado ao conselho. "Na primeira reunião deste ano não houve qualquer discussão nesse sentido. O segundo encontro ainda não ocorreu."
Explicações - A Prefeitura de Santo André entregou ontem ao Ministério Público esclarecimentos sobre as intervenções ocorridas no Paço Municipal nos primeiros meses deste ano.
A Promotoria investiga acusação feita contra a administração de crimes ambientais, por retirar árvores e vegetação nativa sem autorização ambiental e desrespeitar o processo de tombamento da área.

CETESB AGUARDA ESTUDO SOBRE CONTAMINAÇÃO EM ATERRO


Aterro sanitário de Santo André precisa ser ampliado até maio. Foto: Luciano Vicioni
Documento tem de apresentar estudo detalhado sobre possível contaminação em terreno de Sto.AndréA Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) aguarda desde 2005 um relatório sobre os níveis de contaminação do Aterro Sanitário de Santo André. Depois de uma análise no lençol freático do aterro, a Cetesb percebeu níveis alterados de substâncias que indicavam contaminação. A Companhia pediu, na ocasião, um estudo detalhado sobre uma possível contaminação em todo o terreno. De acordo com a Cetesb, o detalhamento não foi entregue e não foi estipulado prazo para que isso ocorra. O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), responsável pelo aterro, confirmou o problema em 2005. De acordo com a versão da autarquia, o próprio Semasa informou a Cetesb sobre a alteração. Em nota, o serviço municipal disse que “na ocasião, foi observado que o nível de contaminação era irrisório, não levando prejuízos ao meio ambiente e à população”. Mesmo assim, o Semasa informa que no mesmo ano foram realizadas intervenções, como a construção de uma barreira hidráulica e sete postos drenantes, para evitar problemas. A autarquia afirmou ainda monitorar mensalmente o aterro, em que os índices de contaminação estão sempre baixos. O depósito de lixo funciona desde 1986 e está no limite de utilização. A capacidade do espaço de 217 mil metros quadrados termina em maio. O Semasa pleiteia junto a Cetesb autorização para utilizar um espaço de 43,5 mil metros quadrados dentro do próprio aterro por mais oito anos. A Cetesb disse que dará um parecer ainda nesta semana e que o estudo sobre a contaminação não impede a ampliação do aterro. Para o próximo mês, o Semasa planeja realizar uma audiência pública sobre a vida útil do depósito, que recebe 20 mil toneladas por mês de lixo.