sábado, 14 de maio de 2011


Nesta semana, o Código Florestal foi salvo por pouco. Após uma longa e confusa discussão no Congresso, o governo decidiu intervir e impediu na última hora a votação de um projeto de lei, escrito pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que desfigura a legislação ambiental a fim de promover mais desmatamento e perdoar os crimes do passado.O governo, que negociava com Aldo um texto de reforma da lei, se sentiu traído porque o deputado apresentou para votação um projeto que não era o combinado. A proposta do governo, que já era muito ruim, ficou ainda pior: anistia irrestrita a quem desmatou antes, contra a lei, e um liberou geral para quem quiser derrubar e queimar a floresta no futuro.Com isso, o som da motosserra que roncava na Câmara foi abafada pela traição. Mas o perigo ainda não acabou. O projeto de lei continua em trâmite e a pressão dos ruralistas é alta.Sua participação neste processo continua fundamental: peça à presidente Dilma agora, que desligue a motosserra de vez. Afinal, ela prometeu na campanha que não permitiria maldades desse tipo no Código Florestal e se comprometeu a reduzir o desmatamento no país, como forma de controle do aquecimento global. E fique de olho na atuação dos deputados em nosso site e nas redes sociais.
Greenpeace

IBAMA chama agentes do Brasil todo para a Amazônia



















A explosão no desmatamento na Amazônia fez o Ibama suspender todas as suas operações de fiscalização no país para concentrar esforços na contenção da derrubada.
O governo acredita que o pulo nos índices de desmate é resultado da perspectiva de afrouxamento da legislação com o novo Código Florestal.A determinação do Ibama foi baixada na segunda-feira, num memorando às superintendências de todo o país.
O documento, obtido pela Folha, determina que todas as operações de fiscalização do PNAPA (o plano anual de operação do Ibama) que não tenham relação com o combate ao desmatamento na Amazônia sejam suspensas. Para 2011, o programa tinha 1.300 operações previstas."Não adianta combater o tráfico de animais, por exemplo, se o habitat deles foi para o saco", diz o presidente do Ibama, Curt Trennepohl. "Foi a decisão mais lógica. Temos de estancar a hemorragia em Mato Grosso."Agentes dos Estados também estão sendo deslocados em massa para a Amazônia. Segundo Trennepohl, há cerca de 520 homens na região agora. O número deve crescer, já que só do Rio Grande do Sul, nesta semana, serão deslocados mais 60 agentes.O governo foi surpreendido pela retomada da devastação, principalmente em Mato Grosso. Dados preliminares do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a serem divulgados na semana que vem, sugerem um repique sem precedentes desde o final de 2007, quando o governo baixou o embargo de crédito aos desmatadores (gênese da polêmica atual sobre o Código Florestal).
PULO DO GATO
O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, recusou-se a fornecer o dado, alegando que ele ainda está sob verificação. "O gato subiu no telhado. Falta ver o tamanho do pulo".
A expectativa em relação à mudança no código, em discussão no plenário da Câmara, é considerada pela área ambiental do governo um dos principais fatores por trás da aceleração da derrubada.Como já é tradição na Amazônia, o setor produtivo se antecipa a decisões do poder público e derruba a floresta.Neste ano, em MT, o objetivo do desmatamento seria criar "áreas consolidadas" antes da aprovação do código para ganhar anistia.Parlamentares ruralistas e entidades do setor têm vendido à base que o novo código permitiria a manutenção de áreas rurais consolidadas e abriria a possibilidade de consolidar o uso de áreas de preservação permanente.A retomada do preço das commodities no mercado internacional e a anistia ao desmatamento concedida pela recém-aprovada lei de zoneamento do Estado também são apontadas como causas possíveis do repique.Segundo Trennepohl, a devastação tem se concentrado na região produtora de grãos do Estado, e o desmate é sobretudo para agricultura.
Fonte: Folha online
Autor: Ibama