quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Lagos do Parque Central são tomados por esgoto

Um buraco aberto no muro que divide o Parque Central e a favela Gamboa, no bairro Paraíso, em Santo André, permite que o esgoto produzido pelas famílias da área alcance os lagos da área verde. O resultado: reservatórios estão com água turva, exalam forte cheiro de dejetos e peixes mortos boiam em meio a garrafas plásticas. Frequentadores reclamam que a poluição aumentou há um mês. O analista de produção Vilson Laerte Marafon, 48 anos, se assustou com a quantidade de espuma branca cobrindo os espelhos d’água. “Fiquei três meses sem vir ao parque por problemas de saúde. Achei estranho encontrar os lagos nessa situação”, comentou. A espuma a qual se refere Vilson é vista com frequência no Rio Tietê e na Represa Billings, formada a partir da alta concentração de poluentes e de resíduos não degradáveis. “Além do esgoto, tem gente jogando lixo nos reservatórios, o que também contribui para a morte dos peixes”, reclamou a aposentada Adelia Loraine Maiar, 70 anos. Ontem, a equipe do Diário esteve no local e constatou o péssimo estado dos tanques. O desnível – que facilita o curso d’água e garante a manutenção do lagos – faz com que a sujeira se alastre rapidamente. O engenheiro aposentado Donizete Ribeiro, 60 anos, vai ao Parque Central diariamente. E disse que a área de lazer vem se degradando ao longo dos anos. “Costumo sentar nos bancos e observar o movimento. Há um ano, era possível ir até a parte mais alta e ver os peixes nadando. A água era clara. Agora, é impossível ficar aqui. Parece que estamos numa fossa”, definiu. Na tarde de ontem, a equipe de reportagem encontrou Vaini Alvarenga, 75 anos, pescando em um dos lagos poluídos, segundo a Prefeitura, a pesca é proibida no local. Apesar das águas sujas, ele tentava a todo custo fisgar um peixe. “Se pego um grande, dou para alguém. Não acho que seja muito perigoso ingerir esse alimento”, comentou. Adélia disse que inúmeros pedidos já foram feitos à Prefeitura para conter o avanço do esgoto na área, mas nenhum deles foi atendido. “Até agora, não tivemos solução, só promessas.” O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que encaminhará hoje ao local técnicos para avaliar a condição dos reservatórios e propor as medidas necessárias para resolver o problema. Já a Prefeitura de Santo André disse que planeja “grande intervenção” no parque. A previsão é de que a reforma geral tenha início em janeiro e seja concluída no fim de 2014. O objetivo é concluir a desocupação da favela da Gamboa, construída sob a rede de alta-tensão da AES Eletropaulo, e anexar o terreno à área verde, ampliando o espaço de lazer. O Parque Central tem 450 mil m² e passou por reformulações há cerca de dez anos. Foi implementada ciclovia com 2,5 quilômetros, a construção dos lagos, pista para caminhadas, playground e uma concha acústica. Drielly Gaspar e Guilherme Monfardini Especial para o Diário André Henriques/DGABC