quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Billings tem 8 vezes mais chumbo que o tolerável


Foto Adriano Sacchi
O braço Rio Grande da represa Billings, de onde é captada a maior parte da água que abastece a região,possui concentração oito vezes maior de chumbo que o tolerável por institutos internacionais, como a ACMA (Agência Canadense do Meio Ambiente).A toxidade foi verificada em pesquisa do Instituto de Biociências da USP.Além do chumbo, os pesquisadores constataram alta concentração de metais pesados como cobre(30 vezes mais que o tolerável),cádmio (9), cromo (5) e níquel (8).O contato direto a essas substâncias em altas concentrações traz riscos graves à saúde, como câncer e a nemia. A água que chega até as casas é tratada e, de acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo),obedece critérios de avaliação que não permitem os metais pesados. Mas, para o pesquisador Marcelo Pompêo, o problema é grave e precisa da atenção do poder público.“Metais não são degradados pelo meio ambiente, e podem ser incorporados por organismos e acumulados nos tecidos de peixes,
por exemplo. Além do mais, caso os metais não sejam retidos pelas estações de tratamento de água, mesmo que em chances remotas, sempre há possibilidade de problemas à saúde”, disse. De acordo com o professor, o esgoto jogado na represa e o uso de algicidas (substância para combater algas) são as principais fontes dos metais pesados. “Se o Código Florestal fosse aplicado (respeitando a faixa de proteção ambiental no entorno da represa) e houvesse saneamento básico, o problema seria remediado”,afirmou.Pesquisa do Instituto de Biociências da USP mostra alta concentração de metais pesados nos sedimentos da represa Despejo de esgoto e algicidas são principais causadores do problema “A concentração de metais está em níveis que oferecem perigo aos seres vivos. Há necessidade de preocupação e contínuo monitoramento.”MARCELO POMPÊO, PESQUISADOR DO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA USP
VANESSA.SELICANI
Jornal METROABC
Billings :: Histórico
A área ocupada atualmente pela Represa Billings foi inundada a partir de 1927, com a construção da Barragem de Pedreira, no curso do Rio Grande, também denominado Rio Jurubatuba. O projeto foi implementado pela antiga Light - "The São Paulo Tramway, Light and Power Company, Limited", hoje Eletropaulo, com o intuito de aproveitar as águas da Bacia do Alto Tietê para gerar energia elétrica na Usina Hidrelétrica (UHE) de Henry Borden, em Cubatão, aproveitando-se do desnível da Serra do Mar.No início dos anos 40, iniciou-se o desvio de parte da água do Rio Tietê e seus afluentes para o reservatório Billings, a fim de aumentar a vazão da represa e, conseqüentemente, ampliar a capacidade de geração de energia elétrica na UHE Henry Borden. Este processo foi viabilizado graças à reversão do curso do rio Pinheiros, através da construção das Usinas Elevatórias de Pedreira e Traição, ambas em seu leito. Esta operação, que objetivava o aumento da produção de energia elétrica, também mostrou-se útil para as ações de controle das enchentes e de afastamento dos efluentes industriais e do esgoto gerado pela cidade em crescimento.O bombeamento das águas do Tietê para a Billings, no entanto, começou a mostrar suas graves conseqüências ambientais poucos anos depois. O crescimento da cidade de São Paulo e a falta de coleta e tratamento de esgotos levou à intensificação da poluição do Tietê e seus afluentes que, por sua vez, passaram a comprometer a qualidade da água da Billings. Nos primeiros anos da década de 70 a Cetesb - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - é obrigada a iniciar as operações de remoção da mancha anaeróbica presente na Represa.Em 1982, devido à grande quantidade de esgotos, que resultaram em sérios problemas de contaminação por algas cianofíceas, algumas potencialmente tóxicas, surge a necessidade de interceptação total do Braço do Rio Grande, através da construção da Barragem Anchieta, para garantir o abastecimento de água do ABC, iniciado em 1958.

Fonte:De olho nos mananciais