segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Flamboyanzinho


Muda de Flamboyant Anão doada pelo Sr.Mario Passos, foi plantada a menos de um mês pela APC e já está com flores.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Amazônia possui 10 mil plantas com potencial econômico

26/12/2008

São espécies com princípios ativos para uso medicinal, cosmético e controle de pragas.

Chico Araújo

Brasília, DF - Mais de 10 mil espécies de plantas da Amazônia são portadoras de princípios ativos para uso medicinal, cosmético e controle biológico de pragas. A região concentra também outras 300 espécies de frutas comestíveis e uma rica fauna silvestre. Ao todo, a Amazônia guarda em suas florestas, várzeas, cerrados e rios, um total de 33 mil espécies de plantas superiores. É o que aponta o Plano de Amazônia Sustentável (PAS), lançado este ano pelo governo federal. O plano faz um diagnóstico detalhado da realidade e potenciais econômicos amazônicos.
Ainda poucos significativos em termos macroeconômicos, os produtos florestais não-madeireiros, em especial as plantas medicinais, podem se tornar, se tiverem sua exploração incentivada corretamente, em atrativa e rentável atividade econômica para os povos da Amazônia. É o caso específico das ervas e plantas com aplicação nas áreas medicinais e de cosméticos.
“Esse segmento tem tudo para crescer e se tornar uma atividade lucrativa em vários estados da Amazônia desde que se profissionalize”, prevê o pesquisador Juan Revilla Cordenas, doutor em Ciências Biológicas. Cordenas atua na área de botânica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM), órgão que é referência em estudo de produtos não-madeireiros.
O pesquisador avalia que o aproveitamento dos atuais produtos florestais não-madeireiros pode significar a geração de emprego e renda para o ribeirinho, o caboclo, e melhorar a qualidade de vida das pessoas que lidam diretamente com a coleta, armazenamento e venda das plantas medicinais, por exemplo.
Cordenas avalia, no entanto, que o extrativismo a ser praticado na Amazônia deve ser planejado. “Não é a descoberta de princípios ativos de remédios — o grande interesse da indústria — que vai ajudar”, avalia. Muitas vezes, diz ele, o caboclo da Amazônia repassa seu conhecimento sobre os poderes medicinais das plantas, os laboratórios descobrem poderosos medicamentos, mas não recebe royalties algum.

Plantas de grande potencial
Em Manaus, o Inpa emprega grande dos seus recursos à pesquisa e à descoberta do potencial das plantas da Amazônia. E o resultado é surpreendente. São cerca de 300 espécies nativas da Amazônia ou nela introduzidas já catalogadas pelo instituto e com potencial para as áreas medicinal, fitoterápica, aromática e de cosméticos. “O que falta é operacionalizar a produção local de medicamentos e cosméticos com a utilização de plantas amazônicas”, diz ele.
O pesquisador Juan Cordenas é autor do livro “Plantas da Amazônia — Oportunidades Econômicas e Sustentáveis”, editado pelo Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Amazonas, em parceria com o Inpa. O livro cataloga as potencialidades comerciais de 72 espécies de plantas da Amazônia, nativas e introduzidas, que têm aplicação garantida nas áreas medicinal e de cosméticos.
Já o PAS indica uma grande variedade de produtos florestais para a alimentação. São espécies que podem ser usadas tanto no consumo próprio quanto em escala comercial. A lista inclui açaí, araçá, araticum, babaçu, bacaba, bacuri, biribá, buriti, buritirana, cacau, caju, camu-camu, cupuaçu, graviola, jambo, jenipapo, mamorana, mangaba, murici, pequi, pitanga, pupunha, sapota, taperebá, umbu e uxi.
Atualmente, alguns produtos florestais da Amazônia são comercializados em mercados nacionais: o açaí, o guaraná, as frutas tropicais — em forma de polpas, doces e sorvetes —, o palmito (pupunha e açaí), diversos fitoterápicos e fitocosméticos, o couro vegetal, o artesanato de capim dourado e o artesanato indígena.
Além desses, existem outros produtos não-madeireiros com grande valor de exportação: castanha do Brasil, jarina (o marfim vegetal), a rutila e jaborandi (princípios ativos), pau-rosa (essência de perfume), e resinas e óleos.
Para o governo, esses produtos podem alcançar nichos significativos em nível nacional. “Estes nichos podem garantir escala suficiente para prover meios de vida sustentáveis com a diversidade socioambiental amazônica”, destaca o Plano Amazônia Sustentável, quando avalia o potencial dos produtos não-madeireiros da Amazônia.

Fonte: Amazonia.org.br / Agência Amazônia.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Única Guarda Ambiental da Região acaba em 2009


Grupamento ambiental de Santo André tem base no Parque do Pedroso. Foto: Antonio Ledes
Ribeirão Pires era a única que ainda possuía guarda específica para fiscalizar meio ambiente
A única Guarda Municipal Ambiental do ABCD será extinta no próximo ano. Os vereadores de Ribeirão Pires aprovaram, em um pacotão de última hora no começo do mês, a incorporação dos nove guardas ambientais da cidade ao efetivo dos 118 GCMs (Guardas Civis Municipais).
De acordo com a Prefeitura, a extinção da guarda ambiental foi necessária para equiparação dos salários com os civis. Os nove integrantes do efetivo ambiental recebiam R$100 a mais e precisavam ter o o 2º Grau completo para se candidatar no cargo. Além de ganhar menos, os GCMs precisavam ter apenas até o 1ºGrau. A partir de agora, parte dos GCMs será destacada para um grupamento ambiental que fará o trabalho de fiscalizar as áreas de proteção de manancial.
Apesar de não ter uma guarda específica intitulada ambiental, os outros municípios afirmam disponibilizar parte dos GCMs para a função de fiscalizar as áreas de preservação ambiental. Na prática, a função de fiscalizar florestas e áreas de preservação de manancial é da Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo. Mas, a Lei Específica da Billings, que chegou em setembro na Assembléia Legislativa e deve ser votada no começo de 2009, já prevê um sistema cooperado entre Estado e municípios para a fiscalização ambiental.
Em Mauá, a participação da GCM é praticamente inexistente. São apenas dois, dos 210 GCMs, para dar apoio à fiscalização ambiental. Diadema conta com oito agentes fiscalizadores, mas que não pertencem ao quadro da GCM. São funcionários da Secretaria de Meio Ambiente que, além de cuidar de denúncias, são sobrecarregados com tarefas, como poda de árvores.
São Bernardo e Rio Grande da Serra não responderam à solicitação da reportagem sobre a fiscalização ambiental municipal. No site da Prefeitura de São Bernardo, a informação é de que o trabalho é feito por integrantes da GCM treinados especificamente para a preservação ambiental. O texto não informa o número de integrantes desviados para a função, mas esclarece que são disponibilizados equipamentos especiais como barcos e viaturas.
Santo André é o município melhor equipado para a fiscalização ambiental, com 60 guardas para o setor, além de outros 22 fiscais do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André).
Apesar de não ter poder para efetuar prisões, por exemplo, o Semasa aplica multas para quem infligi leis ambientais, como derrubada de árvores sem autorização. “O trabalho é em conjunto com a polícia ambiental. Nós só podemos atuar administrativamente”, explicou a encarregada pelo Semasa do Parque do Pedroso, Daruska Cavalcante Cardim.
Mesmo tendo um dos maiores efetivos municipais para proteção ambiental, o inspetor do Grupamento Ambiental de Santo André (formado pelos GCMs), Allan Kardec de Salles, afirma que são necessários mais agentes para a proteção eficiente das áreas de manancial do município. “É insuficiente o número de guardas por conta do serviço. O Parque Andreense, por exemplo, é enorme. Precisamos de fiscalização dia e noite para impedir crimes ambientais na cidade”, explicou.
O grupamento de Santo André possui uma base fixa no Parque do Pedroso. A região de proteção ambiental era utilizada principalmente para descarte de carros roubados e corpos de pessoas assassinadas. Os casos diminuíram apenas com a devastação ambiental causada pelas obras do Trecho Sul do Rodoanel. “Com o fim de parte da mata, os locais ficaram mais expostos e os bandidos se afastaram”, explicou o inspetor.
Por: Vanessa Selicani

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Desejamos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo, que Deus proporcione muito amor, saúde, paz e felicidades. Estes são os sinceros votos da APC

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cidade campeã em desmate perde 76% de suas florestas para pecuária


22/12/2008
Local: São Paulo - SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br

Mapeamento por radar apontou que o município de Uilanópolis (PA) é, dentre aqueles que figuram na lista dos 36 que mais desmatam a, aquele que perdeu a maior parte de sua floresta -76%- para dar espaço à pecuári a. As informações são do jornal Folha de São Paulo, que teve acesso a um levantamento produzido pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) que desfaz dúvidas levantadas no início do ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação às taxas oficiais de desmatamento.
Essas imagens são ainda mais precisas que as dos satélites comumente utilizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (INPE) para medir a devastação da florest a. Elas já ajudam o Ibama a localizar criadores de gado em áreas desmatadas ilegalmente e que sofreram embargo da atividade econômic a. A estimativa é que haja mais de 500 mil cabeças de gado em áreas desmatadas ilegalmente e que desrespeitaram o bloqueio de produção.
As tendências de desmatamento na Amazônia foram debatidas na semana passada em seminário realizado na capital federal. O Maranhão passou a integrar o grupo de estados que mais desmatam. Lá, a destruição está associada à produção de carvão vegetal. Os estados do Pará e Mato Grosso ainda lideram o ranking dos mais devastadores.
Os radares do Sipam rastrearam um território de cerca de 780 mil quilômetros quadrados entre os meses de março e outubro. Entre os 36 municípios da lista, sete já perderam mais da metade de suas florestas, embora a lei fixe o limite de desmatamento na região em 20% das propriedades. 19 das cidades da lista estão em Mato Grosso. O governador local, Blairo Maggi (PR), foi quem mais contestou os dados do Inpe quando o instituto apontou o aumento no ritmo do desmatamento na Amazôni a.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Vinte anos sem Chico Mendes

A APC presta sua homenagem a este grande cidadão brasileiro, que deu sua vida defendendo a população pobre do ACRE e a Amazônia.
Pena que até agora vinte anos depois o governo brasileiro se omite e faz vistas grossas a destruição da maior floresta do mundo.

Há vinte anos era assassinado o grande líder ecologista Chico Mendes. Um mês antes ele estivera no Rio junto com os verdes na manifestação Salve a Amazônia.

Apagando simbolicamente o fogo das queimadas.

Conheci o Chico Mendes em Xapuri, em 1987. Estava organizado o PV no Acre e fui a Xapuri encontrá-lo. Foi uma amizade intensa, instantânea, e um pacto imediato de apoio nosso à luta dos seringueiros que, na nossa ótica, representava a junção das lutas sociais e ambientais. Voltando ao Rio passei a montar uma rede de apoio ao Chico Mendes que logo veio ao Rio e participou de um encontro dos verdes em Petrópolis. Nessa época apresentei o Chico a João Augusto Fortes e alguns outros empresários que começavam a se interessar pela causa verde. João já sonhava em ajudar os seringueiros a criar produtos de latex que pudessem ser comercializados e sustentar as reservas extrativistas.
Nessa época fiz uma entrevistas com o Chico para o JB que não quis publica-la. O editor de então dizia que tinha mais interesse nos garimperos do que nos seringueiros. Com raiva lhe respondi que possivelmente se interessaria por ele quanto fosse assassinado. Tinha uma constante preocupação com o Chico que estava ameaçado de morte por vários pecuaristas que tinha impedido de amoliar sua "fronteira de pasto" realizando "empates". Um deles, Darli Alves, parecia o mais perigoso. O mais preocupante é que parecia haver um ligação da Policia Federal, supostamente lá para protegê-lo, com os fazendeiros inclusive Darli. O Conselho Nacional de Serigneiros descobriu que ele tinha crimes de morte no Paraná, inclusive um mandado de prisão. A informação foi vazada para ele que foi se esconder e jurou de morte o Chico que considerava responsável pela revelação de seus antecedentes.
No Rio, logo depois das eleições de novembro de 88, organizamos um grande ato chamado Salve a Amazônia consistia numa maratona andando, correndo e pedalando do Jardim Botânico ao Monumento a Estácio de Sá, no Aterro do Flamengo e a colocação de um imenso pano de juta com os dizeres Salve a Amazônia. Foi uma manifestação notável da qual tenho muitas imagens até hoje. Vejo e revejo as cenas: Betinho, Lucélia Santos, John Neschling, Gabeira, Minc, Nei Matogrosso, Luise Cardoso. Há uma cena do Chico conversando comigo no meu velho Opala verde oliva quando nos dirigíamos ao bondinho do Pão de Açucar. Falavamos sobre seus problemas de segurança e ele admitindo o perigo que representava o tal Darli Alves. Eu tentando convencê-lo a ficar no Rio até que conseguissimos fundos para contratar um grupo de seguranças particulares pois, pelas histórias que ele contava, os policiais que o protegiam eram pouco confiáveis. A certa altura achei que o tinha convencido. Nossas amigas Rosa e Dora também faziam pressão nesse sentido. O Chico decidiu ficar no Rio. Depois por pressão da esposa que ficara sozinha --queríamos trazer a familia dele também-- ele decidiu passar o Natal em Xapuri.
Um mês depois foi assassinado. Tornou-se um mártir internacional da causa ecológica, um símbolo, uma bandeira de luta mas a perda foi irreparável. Era um ser humano extraordinário:generoso, sensível, divertido e um dos poucos quadros capazes de unificar em torno de uma causa comum setores díspares:serigueiros, índios, ecologistas, ambientalistas norte-americanos, PT, PV, etc...Não se encontrou mais um líder com as mesmas características. A causa da Amazônia tornou-se internacional com a repercussão de sua morte mas penso que teria feito muito mais, vivo. De qualquer jeito, aos que ficamos fica também a obrigação de não deixar que sua morte tenha sido em vão e isso hoje se expressa na luta para que o Brasil assuma metas de redução de queimadas e desmatamentos.
Passaram já vinte anos do assassinato de Chico Mendes e do escândalo internacional decorrente, nada é capaz de afastar essa horrenda sensação de que talvez ele tenha morrido em vão. A pecuária, as monoculturas, a extração de madeira predatória e os assentamentos e “colonização”, cinicamente apresentados como “reforma agrária” na região amazônica, vêm agravando o quadro sem tréguas. Os ganho econômico e os avanços sociais vinculados a esses tipos de atividade são efêmeros e perversos: a péssima qualidade do pasto, o baixo preço e o enorme desperdício da madeira extraída, as dificuldades para a exploração agrícola, os ganhos econômicos e sociais predatórios, de curtíssimo prazo, sem sustentabilidade, que vaticinam uma catástrofe de implicações planetárias, ainda no horizonte de vida de nossos filhos e netos. Isso sem falar do drama atual, das cidades infestadas de fumaça, dos aeroportos fechados, das culturas tradicionais destruídas, da biodiversidade exterminada.

No Salve a Amazônia: Nei Matogrosso, Sirkis e, à esquerda, Chico.

Até hoje a economia vem jogando constantemente contra a ecologia, na região amazônica. A única chance de reverter esse processo de devastação., de conseqüências planetárias é viabilizar um ciclo econômico sustentável de extrativismo não predatório, ecoturismo e exploração inteligente das imensas possibilidades vinculadas à biodiversidade Implementar o zoneamento ecológico e econômico da região e, sobretudo, estimular outras alternativas econômicas, inclusive nas cidades amazônicas. Existe, em tese, a possibilidade de exploração sustentável da madeira, como também da mineração, mas é preciso que se diga, alto e em bom tom, que ela é totalmente inviável no atual contexto político local, no presente estado de coisas institucional, psicossocial, cultural e técnico da região. Sem fiscalização eficaz, sem empresas minimamente responsáveis, sem instituições locais confiáveis, sem conscientização, sem organização social, num contexto totalmente dominado pelo coronelismo truculento e a corrupção, qualquer idéia de manejo sustentável, quer em áreas particulares, quer em concessões, no interior de florestas nacionais é empulhação e propaganda enganosa. Atualmente o IBAMA não tem, nem de longe, os meios e, muito raramente, a vontade política necessária para fazer frente à situação.
O que cabe neste momento, na Amazônia, é um bom “freio de arrumação”. Uma moratória por cinco anos da extração nas áreas consideradas críticas, a expulsão das madeireiras asiáticas e uma estratégia de repressão combinada com uma assistência direta do poder público aos socialmente atingidos, com a criação de um subsídio para o não-desmatamento. Podem ser criadas frentes de trabalho onde os atuais cortadores de árvores sejam remunerados para recuperar áreas degradadas. É necessário quantificar essa ação e definir as zonas prioritárias. Salvar a Amazônia, permitindo ganhar tempo para um futuro desenvolvimento sustentável, certamente não sairá mais caro do que salvar um punhado de bancos falidos. Recursos internacionais seriam mais facilmente captados e melhor gastos nesse contexto.
É dever constitucional do Presidente solicitar o concurso das Forças Armadas para deter a destruição desta parte ameaçada da Pátria que é o ecossistema amazônico, com conseqüências planetárias. O Brasil aparece como o quarto maior emissor de CO2 em função das queimadas.Das instituições nacionais apenas elas têm a capacidade operacional para monitorar e controlar uma região tão vasta. Esses operações devem abranger a proteção à fiscalização do IBAMA, reforçada por outros órgãos, a dissuasão à eventual resistência das máfias locais, a destruição, no próprio local, de todos equipamentos usados na devastação ilegal, a prisão dos responsáveis. O governo brasileiro precisa anunciar ao mundo, com vistas à conferencia de Copenhagen, no final de 2009, sua disposição de estabelecer objetivos de redução de suas emissões decorrentes da devastação das florestas e iniciar logo a execução do plano que anunciou em final de novembro. Há vinte anos da morte do herói Chico Mendes essa é a única homenagem digna que se lhe pode prestar.

Fonte: Alfredo Sirkis.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Cidades ignoram política ambiental

Mais de 90% registraram alteração no meio ambiente, mas só 18,7% têm conselho ativo e verba para o setor

Alexandre Rodrigues

Mais de 90% dos municípios do País sofreram impacto de alterações ambientais nos últimos dois anos. Mas sua estrutura para políticas de ambiente ainda não é compatível com a gravidade do diagnóstico. É o que informaram prefeitos e secretários das cidades ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou ontem a Pesquisa de Informações Municipais 2008.
Embora a proporção de cidades com conselhos municipais de ambiente tenha mais do que dobrado na última década - subindo de 21,4% para 47,6% entre 1999 e 2008 -, só 1.880 dos 2.650 órgãos consultivos criados para envolver cidadãos na formulação de políticas fizeram pelo menos uma reunião nos últimos 12 meses. Se for considerado o município com conselho ativo e recurso específico para o setor, só 18,7% se enquadram nesse item. Em pouco mais de 16% há secretaria exclusiva, e a área só conta com 0,8% do total do funcionalismo municipal do País. Apenas um quarto das cidades faz licenciamento de impacto ambiental local.
Queimadas e desmatamento são as duas maiores causas de alterações ambientais freqüentes nos municípios do País. Em 2002, o assoreamento de corpos d?água, que contribui com o transbordamento de rios nas enchentes, tinha sido o impacto mais citado pelos gestores. Esse porcentual permaneceu no patamar de 53% em 2008, mas a inclusão de queimadas e desmatamento na lista fez com que essas duas categorias assumissem a dianteira, com 54,2% e 53,5%, respectivamente. Os Estados do Norte e Nordeste apontaram, proporcionalmente, mais impactos ambientais do que os do Centro-Sul.
Em média, os municípios indicaram 4,4 ocorrências de alguma alteração ambiental impactante e freqüente em 2007 e 2008. Na Região Norte, o desmatamento foi assinalado por 71% das cidades; no Nordeste, por 65%. O mesmo se repete em relação às queimadas. Como conseqüência, queixas de poluição do ar, mais ligada no passado aos grandes pólos industriais, foram mais relatadas por prefeituras da Região Norte (36,3%) do que do Sudeste industrializado (19,2%). Ao condensar os impactos ambientais que os gestores consideraram ter afetado as condições de vida de seus habitantes, as regiões Norte e Nordeste tiveram, proporcionalmente, mais cidades atingidas (24% e 20%, respectivamente) do que Sul (9%) e Sudeste (11%).
A cidade de São Paulo listou dez problemas, entre eles poluição do ar e da água, contaminação do solo e degradação de áreas protegidas. No Estado, o assoreamento de rios, que favorece enchentes, foi apontado por 58,1% das cidades. Em segundo lugar, aparecem as queimadas (50,4%), ligadas ao corte de cana, e a poluição de cursos d?água (34,9%), cujo pior exemplo é o do Rio Tietê.

SISNAMA

De acordo com especialistas, os números mostram que é necessário fortalecer órgãos municipais de ambiente. "Muitos falham em seus objetivos de preservação por não adotarem uma gestão plena, como a responsabilidade pelo licenciamento ambiental. Fica tudo na mão do órgão estadual. Nenhum centavo obtido com a multa de um posto de gasolina irregular, por exemplo, vai para o município", diz Clarismino Luiz Pereira Jr., presidente da Associação Nacional de Órgãos Municipais do Meio Ambiente. Para Mario Mantovani, da SOS Mata Atlântica, é hora de fortalecer o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), que unificaria os órgãos federal, estadual e municipal. "Isso garantiria mais verba para resolver os problemas das cidades", diz.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O ano da estupidez: ficção que poderá tornar-se realidade?

Por Juliana Radler, especial para a Envolverde/Rebia

Estamos em 2055. O Ártico não é mais uma paisagem repleta de brancas geleiras. Transformou-se num longo oceano de ondas e marés. No meio desse oceano ergue-se uma enorme torre futurista onde o único habitante é um homem guardião dos resquícios de nossa civilização, interpretado pelo grande ator inglês Pete Postlethwaite (Jurassic Park, Em nome do pai, Alien, O Jardineiro Fiel, entre outros). O filme "The Age of Stupid" (O ano da estupidez), um misto de documentário com ficção, teve sua premier durante a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, que ocorre em Poznan, na Polônia, até o dia 12 de dezembro.
Produção totalmente independente dirigida pela jovem britânica Franny Armstrong, o filme que levou quatro anos para ser finalizado, tem como meta ser visto por 250 milhões de pessoas até a próxima conferência do Clima que ocorrerá na Dinamarca no fim de 2009. Durante esse período, os realizadores em parceria com organizações não governamentais, institutos de pesquisa e pessoas ao redor do mundo engajadas na questão ambiental, esperam pressionar governos e sensibilizar a opinião pública para a necessidade de termos um compromisso eficaz na redução dos gases causadores do efeito estufa. "É a minha contribuição para a questão climática", ressaltou Armstrong.
Através da história de vida de seis personagens reais, Postlethwaite vai narrando a nossa incapacidade de mudar hábitos destrutivos, de adotar novas formas de energia limpas e renováveis e, sobretudo, de ir contra o consumismo e o poder das grandes corporações. A busca por lucros crescentes às custas da degradação ambiental e da exploração dos habitantes dos países mais pobres é mostrada, por exemplo, com o caso da Shell na Nigéria. Lafeya Malin é uma nigeriana que vivia da pesca em seu vilarejo até a chegada da Shell. Com a contaminação dos rios e a total destruição do meio ambiente local, Malin passa a atuar no mercado negro do diesel surgido justamente com a chegada da corporação. Sem cumprir seus compromissos de reduzir o impacto ambiental local e investir em projetos sociais junto às comunidades, a Shell deixou um rastro sujo, que custou a vida de centenas de nigerianos mortos no típico silêncio das mortes dos pobres do mundo.
Na outra ponta, o filme mostra também o desenvolvimento econômico das economias emergentes e como a sede de lucros também nos levou à catástrofe. O executivo indiano Jeh Wadia foi acompanhado pela equipe de Armstrong durante o período de aprovação de sua companhia aérea, a "Go Air", cujo objetivo é oferecer tarifas irrisórias para vôos domésticos na Índia. "Temos 50 milhões de indianos andando de trem diariamente na Índia. Queremos que uma parcela dessas pessoas passe a andar de avião", afirma Wadia no filme, ignorando o fato de que o setor de aviação é um dos maiores emissores de gases do efeito estufa.
São, enfim, histórias de vida reais. Documentários vistos no futuro pelo guardião dos nossos vestígios, que, indignado, questiona-se: "Nós poderíamos ter salvado a nós mesmos, mas não o fizemos. É espantoso. Em que estado mental nos encontrávamos para estar diante da extinção e simplesmente dar de ombros, ignorar?"
Depois do documentário "Uma verdade inconveniente", de Al Gore, que sensibilizou milhares de pessoas para os riscos das mudanças climáticas, "O ano da estupidez" espera ser um sinal de alerta, uma sirene tocando alto em 2009 até a decisiva conferência do Clima de Copenhagem, onde serão traçadas as estratégias futuras para conter as mudanças climáticas. Esperamos não ser lembrados como os estúpidos e irracionais que na ânsia do consumo e da riqueza não fomos capazes de mudar, de nos tornarmos sustentáveis e preservamos a nossa própria espécie. Como coloca o filósofo alemão Hans Jonas, em seu imperativo ético relacionado à evolução da tecnociência: "Aja de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica" ou formulado negativamente "não ponhas em perigo a continuidade indefinida da humanidade na Terra".

Mais informações sobre o filme em http://www.ageofstupid.net ou http://www.greenpeace.org/kyoto.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


Clique na imagem para ler o texto.

Ninho abandonado após poda mutilante na Av.Portugal-Santo André





Gostaria de falar sobre coisas boas, avanços ecológicos, sensibilização ambiental, melhora na política, na saúde, no respeito com o ser humano. Mas está difícil.Se o ser humano não mudar urgente a forma de pensar e agir, a natureza vai cobrar o preço da degradação. Isso é claro e certo!
Precisamos assumir responsabilidades, discutir soluções e deixar de lavar as mãos ("eu não quero nem saber")! Conclamamos as pessoas, inconformadas com essa situação a ajudar nessa batalha! Não é preciso fazer muito, mas é necessário fazer alguma coisa.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Uma reflexão sobre a Tragédia em Santa Catarina


Autor: Professores de Universidades Catarinenses. Publicado em 29/11/2008.

As imagens de morros caindo, de desespero e morte, de casas, animais e automóveis sendo tragados por lama e água, vivenciadas por centenas de milhares de pessoas no Vale do Itajaí e Litoral Norte Catarinense nos últimos dias, são distintas, e muito mais graves, das experiências de enchentes que temos na memória, de 1983 e 1984.
Por que tudo aconteceu de forma tão diferente e tão trágica? Será que a culpa foi só da chuva, como citam as manchetes? Nossa intenção não é apontar culpados, mas mencionar alguns fatos para reflexão, para tentar encaminhar soluções mais sábias e duradouras, e evitar mais e maiores problemas futuros.
Houve muita chuva sim. No médio vale do Itajaí ocorreu mais que o dobro da quantidade de chuva que causou a enchente de agosto de 1984. Aquela enchente foi causada por 200 mm de chuva em todo o Vale do Itajaí. Agora, em dois dias foram registrados 500 mm de precipitação, ou seja, 500 litros por metro quadrado, mas somente no Médio Vale e no Litoral.
a quantidade de chuva de fato impressiona. Segundo especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a floresta amazônica é a principal fonte de precipitações de grande parte do continente e tudo o que acontecer com ela modificará de maneira decisiva o clima no Sul e no norte da América do Sul. Assim, as inundações de Santa Catarina e a seca na Argentina seriam atribuídas à fumaça dos incêndios florestais, que altera drasticamente o mecanismo de aproveitamento do vapor d'água da floresta amazônica. Outros especialistas discordam dessa hipótese e afirmam que houve um sistema atmosférico perfeitamente possível no Litoral Catarinense.
De todos os desastres naturais, as enchentes são os mais previsíveis, e por isso mais fáceis de lidar. Os deslizamentos e as enxurradas não. Esses são praticamente imprevisíveis, e é aí que reside o real problema dessa catástrofe.
É preciso compreender que chuvas intensas são parte do clima subtropical em que vivemos. E é por causa desse clima que surgiu a mata atlântica. Ela não é apenas decoração das paisagens catarinenses, tanto como as matas ciliares não existem apenas para enfeitar as margens de rios. A cobertura florestal natural das encostas, dos topos de morros, das margens de rios e córregos existe para proteger o solo da erosão provocada por chuvas, permite a alimentação dos lençóis d´água e a manutenção de nascentes e rios, e evita que a água da chuva provoque inundações rápidas (enxurradas).
A construção de habitações e estradas sem respeitar a distância de segurança dos cursos d’água acaba se voltando contra essas construções como um bumerangue, levando consigo outras infra-estruturas, como foi o caso do gasoduto. Esse é um dos componentes da tragédia.
Já os deslizamentos, ou movimentos de massa, são fenômenos da dinâmica natural da Terra. Mas não é o desmatamento que os causa. A chuva em excesso acaba com as propriedades que dão resistência aos solos e mantos de alteração para permanecerem nas encostas. O grande problema de ocupar encostas é fazer cortes e morar embaixo ou acima deles. Há certas encostas que não podem ser ocupadas por moradias, principalmente as do vale do Itajaí, onde o manto de intemperismo, pouco resistente, se apresenta muito profundo e com vários planos de possíveis rupturas (deslizamento), além da grande inclinação das encostas. E é aí que começa a explicação de outra parte da tragédia que estamos vivendo.
A ocupação dos solos nas cidades não tem sido feita levando em conta que estão assentadas sobre uma rocha antiga, degradada pelas intempéries, e cuja capacidade de suporte é baixa. Através dos cortes aumenta a instabilidade. As fortes chuvas acabaram com a resistência e assim o material deslizou.
A ocupação do solo é ordenada por leis municipais, os planos diretores urbanos. Esses planos diretores definem como as cidades crescem, que áreas vão ocupar e como se dá essa ocupação. Por falta de conhecimento ecológico dos poderes executivo, judiciário e legislativo (ou por não leva-lo em consideração), o código florestal tem sido desrespeitado pelos planos diretores em praticamente todo o Vale do Itajaí, e também no litoral catarinense, sob a alegação de que o município é soberano para decidir, ou supondo que a mata é um enfeite desnecessário. Da mesma forma, as encostas têm sido ocupadas, cortadas e recortadas, à revelia das leis da Natureza.
Trata-se de uma falta de compreensão que está alicerçada na idéia, ousada e insensata, de que os terrenos devem ser remodelados para atender aos nossos projetos, em vez de adequarmos nossos projetos aos terrenos reais e sua dinâmica natural nos quais irão se assentar.
A postura não é diferente nas áreas rurais, onde a fiscalização ambiental não tem sido eficiente no controle de desmatamentos e intensidade de cultivos em locais impróprios, como mostram as denúncias frequentes veiculadas nas redes que conectam ambientalistas e gestores ambientais de toda região. A irresponsabilidade se estende, portanto, para toda a sociedade.
Deslizamentos, erosão pela chuva e ação dos rios apresentam fatores condicionantes diferentes, mas todos fazem parte da dinâmica natural. A morfologia natural do terreno é uma conquista da natureza, que vai lapidando e moldando a paisagem na busca de um equilíbrio dinâmico. Erode aqui, deposita ali e assim vai
conquistando, ao longo de milhões de anos, uma estabilidade dinâmica. O que se deve fazer é conhecer sua forma de ação e procurar os cenários da paisagem onde sua atuação seja menos intensa ou não ocorra.
As alterações desse modelado pelo homem foram as principais causas dos movimentos de massa que ocorreram em toda a região. Portanto, precisamos evoluir muito na forma de gestão urbana e rural e encontrar mecanismos e instrumentos que permitam a convivência entre cidade, agricultura, rios e encostas.
Por isso tudo, essa catástrofe é um apelo à inteligência e à sabedoria dos novos ou reeleitos gestores municipais e ao governo estadual, que têm o desafio de conduzir seus municípios e toda Santa Catarina a uma crescente robustez aos fenômenos climáticos adversos. Não adianta reconstruir o que foi destruído, sem considerar o equívoco do paradigma que está por trás desse modelo de ocupação. É necessário pensar soluções sustentáveis. O desafio é reduzir a vulnerabilidade.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Desmatamento da Mata Atlântica pode ter contribuído para tragédia em SC



O desmatamento da Mata Atlântica pode ter contribuído para a tragédia causada pelas chuvas em Santa Catarina. É o que avalia o professor do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Lino Brangança Peres.
"As árvores foram substituídas por casas e vegetação rasteira, o que contribuiu para a erosão. Esses deslizamentos aconteceriam mais cedo ou mais tarde, as fortes chuvas desses dois meses apenas aceleraram esse processo", explica.
A floresta cobria uma área de aproximadamente 1,29 milhão de quilômetros quadrados, em 17 estados brasileiros, incluindo Santa Catarina. O bioma ocupava cerca de 15% do território nacional. Atualmente, apenas 7% desse total permanece intacto.
O desmatamento da Mata Atlântica está diretamente ligado à expansão das cidades brasileiras. E, na opinião do professor, a ocupação desordenada dos municípios pode ser outro fator para a catástrofe no Vale do Itajaí.
"Choveu muito acima da média, mas isso é apenas parte do problema. O modelo de ocupação irregular das cidades do Vale do Itajaí contribuiu para que isso acontecesse. E tudo com a conivência do poder público", explica o professor.
Segundo Peres, as primeiras residências na região surgiram durante o século 19, época da imigração de europeus para o Brasil, próximas aos rios. No século 20, as pessoas passaram a ocupar os morros e as encostas. "O planejamento municipal começou muito tarde no Brasil, na década de 70, quando as cidades já tinham crescido", conta.
A solução, na avaliação do urbanista, é o governo realocar a população dos morros e encostas para outros locais mais seguros. "O problema é que boa parte das áreas adequadas já foram ocupadas", ressalta.
(Fonte: Antonio Trindade / Rádio Nacional)