sábado, 23 de maio de 2009

Enquanto Santo André retira árvores com o pobre argumento de trazer maior visibilidade e segurança, veja o que diz pesquisa sobre a poluição urbana.

O ESTADO DE S.PAULO - 21/05/2009

''Custo da poluição'' é de R$ 14 por segundo
Valor se refere a tratamentos respiratórios e cardiovasculares
Fernanda Aranda e Alexandre Gonçalves

Os custos da poluição, pela primeira vez, foram mapeados fora das fronteiras de São Paulo. Estudo obtido pelo Estado mostra que são R$ 14 gastos por segundo (R$ 459,2 milhões anuais) para tratar sequelas respiratórias e cardiovasculares de vítimas do excesso de partícula fina - poluente da fumaça do óleo diesel . O valor é dispensado por unidades de saúde públicas e privadas de seis regiões metropolitanas do País.
A mesma pesquisa, produzida pelo Laboratório de Poluição da USP e seis universidades federais, mostra que, além dos paulistas, respiram ar reprovado pelos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) as regiões do Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife. "A poluição não é mais privilégio de São Paulo e os impactos são diretos na saúde cardiovascular do brasileiro", diz Antônio Carlos Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Pelo ensaio científico, 8.169 pessoas são internadas anualmente com problemas cardíacos atribuídos à partícula fina. Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição da USP, explica que a substância funciona "como uma espécie de Sedex de outras impurezas no organismo e é um dos poluentes que mais afeta a saúde".
Os dados mostram ainda que obter o título de maior frota de veículos do Brasil também rende liderança ainda mais expressiva na categoria "prejuízos". São Paulo concentra 61% das mortes relacionadas à poluição, apesar de responder por 57% da quantidade de carros que existe nos locais estudados.
Além do excesso de gases tóxicos emitidos pelos escapamentos, outro fator que contribui para o primeiro lugar paulista, avaliam os especialistas, é a produção científica sobre os males da poluição. Ensaios recentes já produziram um inventário sobre os problemas em decorrência dos gases em São Paulo. As publicações associam que desde o trato respiratório é afetado - com asma, bronquite e sinusite -, passando pelo sistema cardiovascular, atingindo as funções metabólicas (diabete, pressão alta) e chegando até ao sistema reprodutivo, com associação à infertilidade.
As pesquisas em São Paulo incentivaram a produção em outras metrópoles. O cardiologista Evandro Mesquita, da Universidade Federal Fluminense, começou a cruzar os dados de arritmia e enfarte em dias marcados pelo excesso de poluentes. Quando o Instituto do Coração de SP (Incor) fez teste parecido no ano passado, encontrou aumento de 11% de morte por ocorrência cardíaca.
No Rio, a pesquisa da USP mostra que são 1.434 pacientes do coração internados por ano. A reportagem teve acesso ao estudo na ação civil pública que o Ministério Público de São Paulo move contra a Petrobrás e 13 montadoras de veículos pedindo indenização para vítimas da poluição. Segundo o promotor do Meio Ambiente do MP, José Isamel Lutti, o valor indenizatório terá "como parâmetro" a pesquisa.
Além das internações, também foram calculadas as mortes nas regiões: 11.559 pessoas com mais de 40 anos (31 vidas por dia).
A Petrobrás, por meio de assessoria de imprensa, informou que não foi notificada sobre a ação, ajuizada em março deste ano.

MORTES E CUSTOS

São Paulo: 7.187 mortes/ano e R$ 335 mi com internação
Rio: 2.975 mortes e R$ 68,7 mi
Porto Alegre: 722 mortes e R$ 27,6 milhões
Curitiba: 389 mortes e R$ 15,9 milhões
Belo Horizonte: 180 mortes e R$ 9,7 milhões
Recife: 106 mortes e R$ 2,6 mi

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