quarta-feira, 23 de março de 2011

Em quatro anos a região pode ficar sem água


A região metropolitana de São Paulo precisa receber investimentos de R$ 4 bilhões para evitar problemas de abastecimento de água até 2015.O montante representa 75% dos recursos a serem investidos no Estado,na ordem de R$ 5,4 bilhões. Os dados constam no Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, publicação inédita no país, coordenada pela Agência Nacional de Águas (ANA).No documento estão reunidas informações detalhadas sobre a situação dos 5.565 municípios brasileiros com relação às demandas urbanas, à disponibilidade hídrica dos mananciais, à capacidade dos sistemas de produção de água e dos serviços de coleta e tratamento de esgotos.
A região metropolitana, incluindo o ABC, concentra mais de 30 milhões de habitantes que correm o risco de desabastecimento nos próximos quatro anos, caso não se façam os investimentos apontados pelo estudo. Cidades como Santo André, São Caetano e São Bernardo são listadas como locais com necessidade de novo manancial. Estudos hidrológicos constataram que a quantidade de água em período de estiagem é ou será insuficiente para atender à demanda atual ou futura dessas localidades.Reúso ä
De acordo com o ambientalista Virgilio Alcides de Farias, o problema de abastecimento de água na região já é crítico. “A Grande São Paulo carece de 65 mil litros de água por segundo para os 39 municípios. No entanto, 42,7% desse recurso é importado da bacia hidrográfica de Piracicaba, com nascentes em Minas Gerais. Isso é a demonstração da escassez do produto na própria região”, afirmou.Farias argumentou que o ciclo de tratamento da água se tornou vicioso pela redução das nascentes de reservatórios, como os da represa Billings, que dispõe atualmente de apenas 3 mil. “Hoje consumimos água de reúso. A produção de esgoto é maior que a de água limpa. Na década de 20, quando foi construída a represa, eram produzidos cerca de 33 mil litros de água por segundo, hoje caiu para 14 mil por conta da ocupação desordenada dos mananciais, desmatamento e destruição de nascentes”, pontuou.
O doutor em hidrologia e coordenador de Engenharia Ambiental da Fundação Santo André, Murilo Andrade Valle, não analisa como problemático o consumo de água de reúso. “Na Austrália já é praticado com segurança. Hoje temos técnicas avançadas de tratamento para garantir a qualidade” destacou.Valle ressaltou que os problemas que envolvem o abastecimento de água na região devem ser tratados pelo Consorcio Intermunicipal do ABC. “A instituição precisa voltar para sua origem, sendo mais técnica e menos política. A região precisa de planejamento estratégico para prevenir os problemas futuros nesse segmento. Sem atuação conjunta, dificilmente o ABC não sofrerá com falta de água nos próximos anos”, ressaltou.
SOLANGE BORGES-DIÁRIO REGIONAL

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